Trânsito de Mercúrio – O Evento Astronômico do Ano

No próximo dia 11 de novembro, ocorrerá um daqueles eventos astronômicos que a gente não pode perder de jeito nenhum: o Trânsito de Mercúrio.

Ele ocorre no momento em que o planeta, durante sua trajetória pelo Sistema Solar, passa exatamente em frente ao Sol, gerando assim uma espécie de “mini-eclipse”. É algo tão raro que, se perdermos essa oportunidade, só teremos a chance de observá-lo novamente em 2032.

esquema_transito

O trânsito terá início às 09:35 da manhã, quando os observadores atentos, e com telescópios apropriados, poderão ver o menor planeta do Sistema Solar entrando em frente ao Sol. Às 12:19, ocorrerá o ápice do trânsito que é quando o planeta estará mais próximo ao centro do Sol. O final do trânsito ocorrerá, às 15:04, quando Mercúrio deixará totalmente o disco solar.

Na Paraíba

Como o fenômeno ocorre na Semana Mundial da Astronomia nas Escolas, promovida pela União Astronômica Internacional, a Associação Paraibana de Astronomia resolveu montar pontos de observação desse fenômeno em algumas escolas da Paraíba. Até o momento já estão confirmadas atividades nas seguintes escolas:

  • Argentina P. Gomes em João Pessoa
  • Liceu Paraibano em João Pessoa
  • IFPB – Campus I em João Pessoa
  • Melquiades Vilar em Taperoá
  • Engenheiro José D’Avila Lins em Bayeux
  • Enéas de Carvalho em Santa Rita
  • Moacir Dantas em Maturéia

A observação nas escolas será apenas para os estudantes. Para o público em geral, também haverá uma observação pública em João Pessoa,  na Estação Cabo Branco, que abrirá na segunda feira especialmente para o evento.

capa_face
A observação na Estação Cabo Branco irá ocorrer entre às 09h e as 15h dessa segunda, 11 de novembro. Lá, serão disponibilizados telescópios com filtros especiais para observação em total segurança. O evento é gratuito e aberto ao público de todas as idades.

Em Maturéia, no Sertão do Estado, também será organizada uma observação pública em frente à Escola Estadual Moacir Dantas. A atividade deve se iniciar às 9h da manhã e se estender até às 15h30. Apesar da atividade ser realizada em frente à escola, ela será aberta à toda a comunidade interessada.

Um pouco de história

No início do século XVII, enquanto boa parte do mundo discutia se a Terra girava em torno do Sol ou se o Sol girava em torno da Terra, a maioria dos astrônomos já entendiam o modelo heliocêntrico como um fato. Um deles, Johannes Kepler, se dedicava a estudar a posição dos planetas para tentar explicar as leis que regiam seus movimentos em torno do Sol.

Johannes Kepler

Johannes Kepler

Em 1607, enquanto desenvolvia os postulados que mais tarde seriam conhecidas como “As Leis de Kepler”, ele percebeu que naquele ano, haveria uma possibilidade de ver Mercúrio passando em frente ao Sol. Como não haviam telescópios naquela época, ele improvisou uma câmara escura no sótão de sua casa e, no dia esperado, percebeu uma pequena mancha escura no Sol. Pensou que havia registrado o Trânsito de Vênus.

Dois anos depois, Galileu Galilei realizaria as primeiras observações astronômicas com telescópio e, em 1611, ele e outros astrônomos descobriram as manchas solares. Em correspondências trocadas com Galileu, Kepler admitiu que em 1607 teria observado apenas uma mancha solar, mas seguiu desenvolvendo seus cálculos até que, em 1627 previu os trânsitos de Mercúrio e Vênus pra os meses de novembro e dezembro de 1631.

Infelizmente Kepler não viveu para ver os trânsitos. Morreu um ano antes, mas graças a uma campanha proposta por ele, 3 astrônomos conseguiram observar com sucesso o Trânsito de Mercúrio que ele previu.

Mais tarde, no final do século XVII, o também famoso astrônomo Edmond Halley, percebeu que seria possível calcular a distância entre Terra e Sol a partir da medição da duração do Transito de Vênus feita em locais distintos da Terra.

Edmond Halley

Edmond Halley

Sabendo que não viveria até os próximos trânsitos de Vênus, Halley levou à Royal Society de Londres, em 1691, a ideia de uma cooperação mundial para registro dos Trânsitos de Vênus em 1761 e 1769.

anotacoes-eclipse-edmond-halley[1]

Halley faleceu em 1742, mas a partir do método proposto por ele e com as medições realizadas em 1761 e 1769, juntamente com as efetuadas nos trânsitos de 1874 e 1882, foi possível calcular com grande precisão a distância entre Terra e Sol, praticamente 200 anos depois da ideia lançada por Edmond Halley.
Cuidados com a observação

Como o planeta é muito pequeno, é algo que só pode ser visto através de telescópios, mas cuidado, não é qualquer telescópio.

É EXTREMAMENTE PERIGOSO apontar qualquer tipo de equipamento óptico diretamente para o Sol. Dependendo do caso, apenas uma fração de segundo é suficiente para causar danos permanentes à visão e até mesmo cegueira.

Também recomendamos que nunca se olhe diretamente para o Sol. Chapas de raio-x, filmes fotográficos, óculos de sol, vidros escuros não funcionam. Algumas vezes podem até dar uma sensação de proteção, mas esses métodos improvisados não bloqueiam a luz ultra-violeta que é extremamente nociva para nossa visão.

Telescópios com filtros especias para observação solar

Telescópios com filtros especias para observação solar

 

A única forma segura de observar o Trânsito de Vênus é através de telescópios com filtros especiais para observação solar. Se não tiver acesso a um, recomendamos que acompanhe o fenômeno pela internet em algum dos diversos canais que transmitirão o evento ao vivo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *