A Grande Procissão de Meteoros de 1913

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Grande Procissão de Meteóros de 1913

Esta pintura concebida pelo artista e astrônomo amador Gustav Hahn descreve como foi observada A Grande Procissão de Meteoros de 1913, próximo ao High Park em Toronto. Hahn estimou que as bolas de fogo passaram entre Rigel e o cinturão de Órion. Crédito: University of Toronto Archives (A2008-0023), © Natalie McMinn
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A Grande Procissão de Meteoros ocorreu em 9 de fevereiro de 1913. Foi um fenômeno meteórico único, relatado a partir de locais em todo o Canadá, nordeste dos Estados Unidos, Ilhas Bermudas, e de muitos navios em alto mar, incluindo oito navios brasileiros e totalizando registros em uma faixa de 11 mil kilômetros. Os meteoros foram particularmente incomuns, pois aparentemente não havia um radiante, ou seja, nenhum ponto no céu a partir do qual o meteoros pareciam se originar.

Ainda não existe uma explicação definitiva para o fenômeno, mas imaginem o quanto deve ter fascinado os astrônomos e assustado as pessoas comuns há 100 anos atrás. Um espetáculo único que também foi observado e registrado pelo artista Gustav Hahn. Na imagem acima, ele representa aquela magnífica noite na cidade de Toronto, Canadá.

Estima-se que cerca de 1000 pessoas ao longo da faixa de 11 mil Km presenciaram o ocorrido. Poderia ter sido muito mais não fosse a intensa nebulosidade no céu do nordeste dos Estados Unidos, região densamente povoada, que teria cerca de 30 milhões observadores potenciais. No entanto, mais de uma centena de relatórios individuais (em grande parte de áreas remotas do Canadá) foram posteriormente recolhidos por Clarence Chant, com observações adicionais descobertas posteriormente por outros pesquisadores. Por volta das 21h, testemunhas ficaram surpresas ao ver uma procissão de 40 a 60 bolas de fogo que se deslocaram lentamente de horizonte a horizonte, num percurso praticamente idêntico. Bolas de fogo individuais foram vistas durante pelo menos 30 a 40 segundos, e toda a procissão levou cerca de 5 minutos para cruzar o céu. Um observador em Appin, Ontário, descreveu a sua visão da seguinte forma:

“Um enorme meteoro parecia viajar de oés-noroeste para sudeste, e quando se aproximava, foi vista como se estivesse em duas partes e pareciam duas barras de material em chamas, uma seguindo a outra. Eles estavam jogando fora um fluxo constante de faíscas e depois de terem passado, atiraram para fora bolas de fogo em frente que viajaram mais rapidamente do que os corpos principais. Eles pareciam passar lentamente e foram visíveis por cerca de cinco minutos. Imediatamente após o seu desaparecimento, no sudeste uma bola de fogo clara, que parecia uma grande estrela, passou por todo o céu em seu rastro. Esta bola não tinha uma cauda nem soltava faíscas de qualquer espécie. Em vez de ser amarela como os meteoros, ficou claro como uma estrela.”

Outros observadores também relataram um corpo branco, de menor cauda. Mas a grande maioria dos relatos informam uma série de meteoros viajando em velocidades distintas ao longo do seu curso e desintegrando-se na atmosfera. Alguns observadores nas Ilhas Bermudas descreveram os objetos como “grandes arcos de luz de cor branco-violeta, seguido de perto por fragmentos amarelos e vermelhos”.

Em pesquisa realizada em 1950 por Alexander D. Mebane, foram descobertos alguns relatos em arquivos de jornais do norte dos Estados Unidos. No Escanaba, Michigan, a imprensa afirmou o “fim do mundo foi temido por muitos, quando inúmeros meteoros atravessaram o horizonte norte”. Em Batavia, Nova York, alguns observadores viram os meteoros e muitas pessoas ouviram um barulho de trovão, enquanto outros relatos foram feitos em Nunda-Dansville, Nova York (onde vários moradores achavam que o mundo estava acabando) e Osceola, Pensilvânia.

O primeiro estudo detalhado dos relatos foi produzido pelo astrônomo canadense Clarence Chant, que escreveu sobre os meteoros no vol. 7 do Jornal da Royal Astronomical Society of Canada. Ele analisou em detalhes os registro das observações e concluiu que, como todas as ocorrências foram relatadas ao longo de um grande arco de círculo, a fonte teria sido um pequeno satélite natural da Terra.

A órbita mais tarde foi discutida por Pickering e G. J. Burns, que concluiu que era essencialmente a órbita de um satélite, ou seja, algum objeto que orbitava a Terra. Embora esta explicação tenha sido posteriormente atacada por Charles Wylie, que tentou provar que a chuva tinha uma radiante, mais estudos por Lincoln LaPaz (que criticou os métodos de Wylie como “não científicos”) e John O’Keefe mostrou que os meteoros provavelmente representavam um objeto, ou grupo de objetos, que tinham sido temporariamente capturados para a órbita da Terra antes de se desintegrar na atmosfera.

O’Keefe mais tarde sugeriu que os meteoros, os quais ele se refere como os “Cirilídeos” (em referência a festa de São Cirilo de Alexandria, comemorada no 9 de Fevereiro), poderiam ser, de fato, os últimos remanescentes de um anel que circundava a Terra, formado a partir do material ejetado de um possível vulcão lunar.

Independente de quantos tentem explicar esse fenômeno, da maneira mais simples à mais fantástica, essa história não deixará de ser fascinante. Seus registros, infelizmente são apenas os relatos e a pintura de Gustav Hahn. Os objetos que chamaram a atenção naquela noite de 09 de fevereiro de 1913, provavelmente descansam nas profundezas do Oceano Atlântico e dificilmente poderão nos ajudar a desvendar esse mistério. Mas isso só torna a história da Grande Procissão de Meteoros de 1913 ainda mais fascinante.

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